Aquele lugar parecia abandonado há um bom tempo. Objetos cobertos, cantos empoeirados, janelas fechadas que só deixavam entrar pequenas frestas de luz por entre rachaduras. Não pediu permissão. Apenas entrou. Achou que seria notada logo de cara, pois o rangido da porta, que há muito não se abria, chamaria atenção mesmo dos desatentos. Mas não foi.
Achou interessante tudo ali. A princípio parecia apertado, mas até que era bem espaçoso. Forçou um pouco e com jeito conseguiu destravar as janelas. Que mudança! Milagres acontecem quando se deixa a luz entrar. Uma boa faxina era o que precisava para colocar cada coisa em seu lugar.
Sem pressa começou a espanar a poeira dos móveis e recolher 'os tais caquinhos' espalhados pelo chão. A arrumação dá trabalho, mas vale o resultado. Pintura nova nas paredes e aos poucos foi redecorando o lugar. Cada dia levava uma novidade e inevitavelmente foi colocando ali um pouco de si. Da sua vida, da sua cor, do seu riso.
Quando se deu conta, daquele lugar, antes abandonado e empoeirado, fez um lugar confortável. Tornou-o um lar. Não tinha como negar, aquele coração havia voltado a pulsar.
Esquece as placas. Aqui agora já é meu lugar.
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Por algum motivo, as imagens desse clipe vieram a minha cabeça enquanto eu escrevia esse texto. Quanto à imagem, créditos ao Flávio no Life on a Draw, onde tem muito desenho legal #ficadica