domingo, 27 de março de 2011

A Presença da Ausência

Ahhh... Saudade da gorda mais linda que já existiu...
A minha gorda...
A mais esperta..
Mais inteligente..
E a melhor cachorra do mundo
A minha.

Tão minha que sentia como eu...
Que adoeceu porque me viu adoecer...
E que partiu mas continua em mim...
Me fazendo falta...

Dos dias que ficávamos apenas eu e ela a ouvir musica...
De quando reclamávamos do som alto...
De quando ela me via triste e simplesmente sentava ao meu lado e me pedia carinho como maneira de me fazer carinho... de me fazer ver que pra ela eu era importante...
De quando eu me empolgava demais arrumando as coisas.. ou estudando.. e ela sempre me fazia dar um tempo pra brincar...
De quando simplesmente brincávamos...
De quando tínhamos longas conversas...
De quando ela se deitava do meu colo e sempre encontrava um cantinho...
De quando ela precisava encostar em mim pra dormir..
De quando dormia deitada nos meus pés à minha cama
De quando ela fazia festa a cada vez que eu chegava e abria a porta.. mesmo que só tivesse passado 5 minutos fora de casa...
De quando ela seduzia todo mundo com aquele olhar de “pidona”.. viciada nos benditos “palitinhos”...
Do ciúme que ela tinha de qualquer candidato a ter mais mimos que ela... fosse cachorro, criança ou adulto...
De quando a gente brincava de se esconder...
Das poses que ela fazia assim que via uma maquina fotográfica...
Do medo que ela tinha só de ouvir a palavra “banho”
De quando ela pedia pra “ver a rua”
Ou de quando ela se animava toda quando ouvia um “bora passear?!”

Ela me deu tantos momentos felizes...
Esteve presente em tantos anos de maneira tão intensa...
Mimada em hotéis e viagens...
O vazio que ela deixou não foi preenchido..
Ainda persiste a presença da ausência...

Parece tão contraditório que ao falar de quem me trouxe tanta alegria eu tenha lagrimas nos olhos...
Mas me acho injusta com ela quando me pego desviando os pensamentos das lembranças pra egoistamente não chorar...
Ela merece ser lembrada..
Merece que chore por falar do quão maravilhosa ela era...
Ela merece que eu dedique pelo menos à sua memória as palavras que queriam não ser palavras.. queriam ser carinho e afago no seu pelo branco.. olhando seus grandes e expressivos olhos e orelhas...
Eu queria que ela estivesse aqui comigo...

Eu sempre soube da responsabilidade de ter um cachorrinho...
Ela nos dava muito carinho e amor
Mas ela também precisava de atenção.. carinho e muito amor...
Também podia fazer bagunça e sujeira se a gente não educasse e desse atenção... Como uma criança que não cresce...

Muitas vezes cancelamos viagens pra não deixá-la sozinha...
Mudamos de planos.. e nos estressamos quando ela fazia bagunça, num apartamento que já era pequeno...
Mas... quer saber se me arrependo? Nunca!!!
De nenhum dos dias em que voltei pra casa mesmo durante uma festa com amigos porque estava na hora de lhe dar o seu remédio...
Nem das madrugadas em que acordei e sai desesperada pra levá-la ao veterinário...

E faria tudo de novo se pudesse tê-la de volta e ver a minha gorda...
Aquela que no fim da vida mal conseguia se levantar para nos receber quando chegávamos... mas insistia em balançar o rabinho mesmo com dor...
Que mesmo cansada, continuava atenta a tudo que falávamos e fazia de tudo para estar perto de nós...
E mereceu todo o cuidado do mundo, porque pra mim, ela era a mesma cachorrinha alegre, serelepe e levada, mas que, como eu, sempre pareceu velha demais... séria demais... quieta demais... mesmo sendo a mais carinhosa... e meu eterno bebê.

Agora já faz quatro anos que ela partiu...
Mas o tempo não fez a saudade passar ou eu esquecê-la...
Não fez com que eu deixasse de sentir falta...
Ainda tenho dificuldade de me referir a ela no passado... ainda a amo.
Esse tempo só me faz ter cada vez mais certeza de que ela é inesquecível e insubstituível!
E é preciso que eu fale tudo isso.. que eu escreva.. que eu registre... pra que eu não permita a ninguém esquecê-la...
Nem ninguém possa sequer pensar que por um momento a esqueci.



À minha Bela

-----
Hoje completam-se quatro anos sem Ela. Saudades, Gorda!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Secret Smile

"Não olha pra mim assim... não sorri desse jeito. Eu sei... Pode ser que ninguém mais saiba, ninguém mais entenda. Mas eu conheço seu sorriso e você sabe disso. Eu sei quando você quer que eu acredite que tá tudo bem, mesmo quando nada está tão bem assim... Não adianta querer fingir ou me enganar, você não vai conseguir. Sabe, eu ando pensando demais ultimamente... Certas coisas ficam repassando na minha mente como um filme. Seu sorriso é uma delas. Eu nem tento explicar a mais ninguém, sei que são coisas que só nós dois sabemos, só nós conseguimos entender esse universo que as palavras não alcançam. Mas, olha, ando preocupado com você. Tenho me sentido tão impotente em te tirar dessa loucura e de tanta coisa que tem te deixado tonta, roubado tuas noites de sono, e por vezes teu sorriso, que você continua a guardar pra mim. Sei que meus braços podem estar parecendo distantes, mas a intensão deles ainda é você. A vontade ainda é te abrigar como se eu pudesse te proteger de todo o resto do mundo, de todos os medos. Eu sei que você não é uma menina indefesa. Eu sei que você nunca esteve procurando um super-herói. Mas quero que você saiba que eu tô aqui, pra você. Talvez seja eu que preciso mais de você do que você de mim. Eu não sei se tenho muito pra te dar, me atrapalho entre linhas mal escritas... Mas, hey, menina, tenho um sorriso pra você."

E no meu mundo, isso bastaria.
“Nobody knows it, but you...”*

----------
* trecho da música Secret Smile do Semisonic

sábado, 12 de março de 2011

Adeus

Não sei dizer adeus. É muito ruim ter que partir e deixar alguém que você gostaria que continuasse ao seu lado. Despedidas nunca são fáceis. Nunca fui boa com elas. Sempre tentando adiá-las, sempre demorando. Dizem que quem muito se despede não deseja ir. A vontade é mesmo ficar. Não ser passado, não ser só lembrança. Memórias, por mais vivas que sejam, não tem calor, não permitem o toque, não deixam sentir o gosto. Gosto que procuro desesperadamente e não encontro em nada mais. Você ainda sente? Ainda lembra? Ainda é bom? Me dá só mais um minuto, um último beijo, um último abraço, um último sorriso. O que é bom devia ter fim? Se não é bom, porque tanta saudade? Porque esse vazio que nada preenche? E todos os sonhos, os planos e desejos? Como ficam? Sofrem um aborto, um parto prematuro. E partem pra onde? O que não presta não se despede, não precisa de permissão pra partir. Despedidas são uma maneira de tentar adiar o fim de algo que não devia acabar, de evitar ao máximo o ‘adeus’ – essa palavra mágica que faz as coisas subitamente desaparecerem e se debaterem vivas dentro de nós, limitadas por um tempo que não nos bastou...


“Sabe, eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre vírgulas, aspas, reticências. Eu vou gostando, eu vou cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu vou… e continuo indo, assim, desse jeito, sem virar páginas, sem colocar pontos.”
Caio Fernando Abreu