quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Letra C *


Uma resposta a minha amiga Karol, com K.

Concordo com você. A gente fica cansada depois de tantas decepções. Você sabe que eu te compreendo. Eu também sei que quando a gente cisma com algo, normalmente existe alguma coisa concreta por trás. Mas, dessa vez, eu vou contra você. Talvez até você acabe por concordar comigo.

Coitada da letra C! Ela não tem culpa! Creio que ela seja tão vítima e tão carente quanto nós. Acho que às vezes ela até chora por culpa daqueles que a carregam no nome. Talvez falte nesses sujeitos um outro C , de caráter, que é quando a gente tem personalidade suficiente pra fazer o que é correto.

Calma, é o que é bom ter nessas horas. É desse C que a gente precisa quando alguém pisa no nosso calo. E do C de consciência, pra se controlar, pra não ser empurrado por toda essa correnteza, pra crescer com as cabeçadas que a gente já deu na vida e não deixar de crer no amor.

Com o C a gente ainda pode conseguir muita coisa. Com C se faz carinho, se ganha colo, e se recebe cafuné [coisa que acho que ainda não inventaram melhor!]. Com C a gente pode até fazer cena de ciúme só por charminho, pra ganhar ainda mais carinho.

Com o C a gente conhece o significado de cativar. Aprende que pra cultivar uma amizade é preciso cuidar. Aprende que se conquista confiança aos poucos. E que às vezes,quando a vista da gente fica embaçada, tudo que a gente precisa é de um pouquinho de colírio pra voltar a enxergar o mundo mais colorido de novo, pro sol brilhar mais forte e aquecer o nosso calor-humano.

Coragem! [Com um C bem grande.] Nada de ficar cabisbaixa! Não acredite que somos nós que somos ingênuas. Quem foi que disse que pra crescer a gente tem que deixar de ser criança? A gente tem que é aprender com elas a continuar a levantar mesmo depois das quedas. A gente não pode é deixar de sorrir, nunca!

Continuo acreditando, minha linda, a gente ainda vai ter nosso cantinho no coração certo. Pode crer!

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Não precisa ter ciúmes, sua boba!
Você sabe que vivo escrevendo pra você e por você!
* Texto originalmente publicado em Meu Lugar, em 23/12/09

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Sala de Espera *

Histórias de Anônimos... e (des)encontros causuais...

Chegando para mais uma consulta. Sala de espera lotada. Atendentes ocupados. Pessoas estressadas. É preciso esperar.

Entre tantas pessoas, Ele, sentado nas escadas, como quem já está cansado de esperar. Um olhar a surpreendeu. Um encontro de olhares. Um quase encontro. Ele pareceu tê-la encontrado antes que ela a ele, já que dela desviava os olhos ao perceber que ela se voltava para a sua direção. Por que teve ele aquela reação?

Seu rosto... não saia da cabeça dela. Ela o conhecia de algum lugar! Lembrava-se vivamente daqueles olhos... daquele sorriso. Sentiu vontade de continuar olhando, de encará-lo até lembrar. Mas não podia, não devia... O que ele iria pensar?!

Mas se era ela quem estava enganada... por que ele parecia fazer tanto esforço quanto ela pra não ceder a tentação de olhar em sua direção?! Por que ele parecia também ter vontade de sorrir em sua direção?!

Ele levantou... andou pela sala de espera. Mas apesar desta estar cheia de pessoas, havia muitos lugares vazios. Ele não podia simplesmente sentar ao seu lado. Seria bandeira demais. Mas seria a desculpa perfeita para iniciarem uma conversa, perguntar qualquer coisa... as horas.. falar da demora... do motivo que os levara ali.

Sentou numa fileira próxima... ficaram meio de costas um para o outro... mas de forma que a visão periférica permitia que ainda se vissem... Ambos estavam inclinados de maneira que quase se olhavam. Ele com o celular nas mãos... e para ele tentava se manter olhando.

Unhas vermelhas impacientemente se moviam no encosto da cadeira. Ao mínimo movimento na direção de um, o outro fingia olhar pro lado oposto. Não era possível. Coincidência?! Lugares inusitados, lembra?! – Ela poucas vezes se sentiu tão agoniada por sentir esse tipo de dúvida como naquele momento. Não parava de pensar.

De onde o conhecia?! Seria dali mesmo, já que era assídua freqüentadora daquela sala se espera?! Se sim... por que a hesitação dele? De onde? De onde?! – A pergunta não parava de se repetir em sua cabeça. Antes que ela pudesse ter a resposta... antes que pudesse juntar coragem suficiente para perguntar-lhe o porquê ele lhe era tão familiar... ouviu seu nome ser chamado pelo seu Doutor.

Ela levantou e seguiu para sua consulta. Nem tão breve, nem tão longa, mas foi rápida. Saiu da sala procurando se ele ainda estava lá e, sim, ele ainda estava. Mas foi o próximo a ser chamado. Não ele, mas quem ele acompanhava. Ficou feliz já que não era ele quem estava precisando de médico. Será que eram os seus pais, tios, avós...?!

Será que ela realmente o conhecia?! Será que ele também realmente a notara?! Será que ela o encontraria novamente?! Será?! Será?! – Foram muitas as perguntas que ficaram sem resposta. Ela teve de ir embora. E por causa da falta de coragem, toda uma história que poderia ter sido, não foi. Não se sabe que história seria essa. Não se sabe como essas duas histórias irão continuar, ou se algum dia voltarão a se cruzar. Mas se isso acontecer, por favor, que não lhes falte coragem!

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* Texto originalmente publicado em Meu Lugar no dia 13/01/10.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Inspiração (ou PDA!)

Nesse mundo tão grande e tão vasto, existem pessoas que cruzam o nosso caminho e nos marcam de maneira tão intensa e que às vezes nem imaginam o quanto se tornaram importantes em nossas vidas. Não sabem o quanto penso nelas ou o quanto sinto falta. Algumas nem sequer vi, mas suas palavras me atingem tão profundamente, parecem me entender tanto, me definir tanto, que passam a fazer parte de mim mesma.

Nunca encontrei a Kari, mas amo viajar nos textos dela. Vivo passando férias na terra da Layz, mas a gente nunca se cruzou; ainda assim me delicio nas confissões apaixonadas dela. A Carol, não bastasse me deixar morrendo de inveja a cada vez que ela fala da Cidade Maravilhosa, ainda parece que rouba todos os meus pensamentos.

Eu tento, sempre que possível, fazê-las saber da sua importância em minha vida. Mas me pergunto: será que alguém, em algum lugar, também pensa em mim? Eu gosto de imaginar que sim. Gosto de pensar que eu sou o sonho de alguém.

Eu queria ser inspiração pra alguém. Pensar que eu faria alguém parar pra escrever palavras pra mim, pensando em mim, sentindo por mim. Pensar que eu sou o desejo, a saudade ou a imaginação de alguém. Que um coração acelera ao pensar em mim, ao sentir o meu cheiro ou ao som da minha voz. É lisonjeiro ver-se nas palavras de outro, mesmo que isso me deixe encabulada.

Mulheres talvez tenham uma necessidade maior que os homens de dizer o que sentem e principalmente de ouvir. Mulheres gostam de sentir-se únicas, especiais, insubstituíveis. Sentirem que não são apenas mais uma. Mesmo sabendo não ser a mulher mais linda do mundo é gostoso sentir-se admirada. Saber que entre tantas, se é 'aquela' que se deseja. Sentir um carinho só pra si. 

Acho que é por isso que gosto tanto de ler o menino das letras minúsculas, ou aquele que insiste em manter-se anônimo. Eles me chamam a atenção porque escrevem como homens, sabem mostrar-se tais em suas palavras. E ainda assim conseguem amar e mostrar isso. Eles escrevem como quem sente. Como se tivessem um sentimento e uma saudade que não cabe dentro do peito e transborda em palavras. Na sinceridade dos seus desejos. Ah... foram tantos os textos deles que já desejei que fossem pra mim...

Às vezes nem queria algo escrito especialmente pra mim. Sei como é bom simplesmente quando alguém se faz dono das palavras de outro e as dedica como maneira de traduzir o que se sente. Isso só já é capaz de fazer sentir-se a mais especial do mundo. Ver aquela música que sempre achou linda quando a ouvia no rádio e imaginava como ia amar ouvir alguém te dizendo palavras assim sendo cantada pra você já é capaz de mexer com todas as emoções. Ou ouvir aquele poema ou soneto ser dito definindo todas as suas formas e contornos, pra falar do seu sorriso, belos olhos ou do imenso amor por você.

Sinto falta de me sentir inspiração para declarações apaixonadas.
Não é novidade que eu amo demonstrações públicas de afeto.


"My gift is my song and this one's for you
And you can tell everybody this is your song
It may be quite simple but now that it's done
I hope you don't mind
I hope you don't mind that I put down in words
How wonderful life is while you're in the world"
                                   [Your Song - Elton John]

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Inaugurando o Te Dedico!, essas, hoje, sou eu quem dedico pra vc.





sábado, 7 de agosto de 2010

Passado

Há um passado em mim que me torna quem eu sou. Que me explica e me dá forma. Um passado que passou, mas que é responsável e que me trouxe para o presente. Do qual sinto saudade, mas que não necessariamente queria ainda viver. Apenas recordar. Relembrar momentos. Lamentar algumas perdas e decepções. Sentir falta de algumas pessoas e circunstâncias.

Dividir o seu passado com alguém é a maior prova de confiança e cumplicidade. É revelar algo que o outro nunca precisaria saber, ou que, mesmo que desejasse, não poderia conhecer a menos que se contasse.

Cecília Meireles diz: “Os fins justificam os meios da minha cara.” Eu digo que ‘meus meios justificam o meu fim’. Eu gosto de compartilhar momentos da minha vida, minha história. Preciso dizer. Preciso de amigos pra compartilhar. Preciso fazê-los saber, conhecer um pouco mais de mim.

Sofro quando algum daqueles em quem confiei acaba por me decepcionar ou magoar. Sou resolvida a superar. Mas não sei (nem quero) ser daqueles que quando se decepcionam, repudiam o passado e todos os momentos que viveram ao lado de alguém. Repudiar os bons momentos que tive com alguém, mesmo que esses momentos já tenham ficado lá atrás, seria como repudiar uma parte de mim. Seria esquecer lembranças que são parte da minha vida.

Quando eu sofro, sofro por mim. Por uma parte de mim que se perde. Por algo que me fazia bem que deixei de ter e me fará falta. As pessoas são insubstituíveis e ninguém nunca substituirá ninguém. Mas não significa que é impossível ser feliz de novo.

Quando descobrir algo sobre mim, não deixe que seja motivo para nos afastarmos, mas que a confiança e o entendimento mais pleno, nos aproximem mais. E que as possíveis lágrimas que acompanhem histórias antigas sejam apenas para limpar os meus olhos para enxergar melhor o futuro que se nos apresenta.


“Onde quer que eu vá, levo em mim o meu passado.
E um tanto quanto do meu fim.
Todos os instantes que vivi, estão aqui.
Os que me lembro e os que esqueci...
Carrego minha morte e o que da sorte eu fiz.
O corte e também a cicatriz”
[Meio Fio – Rita Lee]

domingo, 1 de agosto de 2010

Recomeço

Escrever é minha paixão. Meu hobby, minha terapia. Escrevo às vezes pra lembrar, às vezes porque preciso esquecer. Escrevo, sobretudo pra mim, conversando comigo mesma ou com minha imaginação. Eu me entendo melhor escrevendo. Escrever torna tudo mais concreto, mais real. Eu sou amante das palavras.

A madrugada sempre inspira as melhores teorias e me faz procurar louca por uma folha de papel, por uma tela em branco, um espelho onde possa me refletir, colocar todos os meus sentimentos, desabafos, confissões, experimentar uma deliciosa sensação de liberdade. É por meio das palavras que me sinto mais, que expurgo meus males, que declaro meus amores e minhas dores. Entre tantas memórias, crônicas e declarações de amor, estou eu, bem ali, nas entrelinhas.

Comecei a postar alguns dos meus textos por acaso... Junto com citações, letras de músicas... Algumas reflexões que sempre transformavam em um pouco meu o que quer que eu postasse. Com o tempo os textos foram se tornando cada vez mais autorais. Cada vez mais freqüentes. E o “Meu Lugar” se tornou uma parte importante de mim, um cantinho com a minha cara, a minha paixão.

Algumas pessoas foram descobrindo ele aos poucos... e pelos comentários delas, descobri que as minhas palavras pareciam fazer sentido também pra outras pessoas. Foi então que começaram as cobranças pra tornar mais público o que escrevo, pra divulgar mais o blog... Aqui estou eu, finalmente atendendo aos pedidos.

Infelizmente, não é possível incorporar no blogger o conteúdo do LiveSpaces, que hospeda o “Meu Lugar”, mas, aos poucos, vou tentando republicar aqui alguns dos textos que estão lá. Vai ser difícil deixar o Meu Lugar, e sei que nunca vou abandoná-lo por completo. Podem continuar a visitá-lo, embora deixe avisado que os posts talvez já não sejam tão regulares quanto antes.

Tenho escrito muita coisa ultimamente... mas nem sempre tenho tido tempo de postar... e estou devendo atualizações há algum tempo. Meu presente pra vocês, pra compensar tanta demora , é criar esse novo espaço pra renovar os ânimos. Prometo que vou tentar aparecer sempre por aqui e deixar esse novo lugar com a minha cara.

Sintam-se em casa.
E não se assustem – eu continuo falando por metáforas.